sexta-feira, 31 de agosto de 2012

É OBTIDO DIAGNÓSTICO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DE ALCÂNTARA SOBRE OS MUSEUS DA CIDADE



O setor educativo do museu deu início em 2011 a um trabalho de pesquisa nas escolas de Alcântara a fim de obter a percepção dos estudantes em relação aos museus da cidade. Foram realizadas entrevistas com 199 alunos do ensino básico e superior, baseadas em um questionário semiestruturado, nas seguintes instituições de ensino: Unidade Integrada Presidente John Kennedy, Escola Municipal Inácio de Viveiros Raposo, Escola Caminho das Estrelas, Centro de Ensino Doutor João Leitão e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - IFMA Campus Alcântara. Assim, a partir do trabalho de tabulação e análise dos questionários, finalizada neste ano, foi possível constatar o predomínio do entendimento de museu como um espaço ligado à História e associado a conhecimento, ao aprendizado, ao passado e a turismo.

















































































 



A partir da pesquisa também foi possível constatar que o museu que mais desperta interesse de visitação entre os estudantes é a Casa de Cultura Aeroespacial, seguida do Museu Casa Histórica de Alcântara, que foi o mais visitado pelos alunos. Além desses dados, foi possível conhecer os principais entraves para visitar os museus, o que estimularia os estudantes a visitarem os museus com freqüência, sugestões para os museus se tornarem mais atrativos para a comunidade, entre outros dados. Com o diagnóstico obtido, busca-se planejar melhor as ações educativas do MCHA e desenvolver estratégias de aproximação do público local (ainda muito incipiente) com os museus de Alcântara. O resultado completo da pesquisa está disponível no MCHA e pode ser disponibilizado para endereços eletrônicos mediante solicitação (mcha@museus.gov.br).

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

ENCONTRO DE EDUCADORES É REALIZADO COM PROFESSORES DA ESCOLA BARÃO DE GRAJAÚ



Foi realizado um encontro com os educadores da escola Barão de Grajaú no dia 15 de agosto, como parte do programa educativo do MCHA para sensibilização do corpo pedagógico das escolas locais em relação aos museus da cidade, em especial a Casa Histórica de Alcântara. Com enfoque no tema “Museus e Escolas”, discutiu-se a função educativa dos museus, as possibilidades de trabalhos conjuntos entre as instituições, as dificuldades para a realização de ações educativas em parceria e foram apresentados alguns projetos educativos do MCHA. Este foi o primeiro encontro realizado em uma escola fora da sede de Alcântara. A instituição de ensino pertence à comunidade quilombola do Cajueiro e conta com 6 turmas distribuídas entre Ensino Infantil e Ensino Fundamental I. A partir do encontro almeja-se agora conduzir os professores e alunos para uma visita no Museu Casa Histórica de Alcântara, mas está na dependência de um transporte para a condução do grupo.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

MCHA no Simpósio Internacional de História Pública



O historiador do Museu Casa Histórica de Alcântara representou o MCHA no Simpósio Internacional de História Pública, realizado na Universidade de São Paulo entre os dias 16 e 20 de julho de 2012. Ele apresentou a comunicação oral intitulada O Historiador e os Museus, cujo texto completo será posteriormente publicado nos anais do evento. 
Os profissionais e acadêmicos reunidos no Simpósio Internacional de História Pública levaram a cabo discussões a respeito de temas que povoam o cotidiano profissional dos historiadores envolvidos com a tarefa de traduzir suas concepções e seus métodos para o público não-iniciado. Nesse sentido, o encontro foi marcado por discussões pragmáticas, pela busca de respostas a questionamentos diretos e incisivos que se colocam diariamente ao historiador público (algo que foi estimulado pela própria forma de organizar os debates, onde os convidados eram instados a responder perguntas objetivas como “qual o papel da história diante da demanda pública por memória?”, ou “qual o papel do intelectual público?”, entre outras). 
Ficou claro no encontro que há uma forte demanda pública por história, fenômeno que, ao abrir espaços de atuação para o historiador fora das academias, coloca diante dele questionamentos complexos a respeito de seu posicionamento profissional, técnico e ético.
O mercado midiático (consubstanciado pela internet, pela televisão, pelo setor editorial) abre-se para a história, por meio de sites, documentários, filmes e seriados, revistas especializadas e livros voltados para o grande público. Nesse campo, pressões mercadológicas tendem a se colocar acima das preocupações metodológicas que caracterizam a história acadêmica, o que exige do historiador pulso firme para resistir às tendências de banalização, simplificação, formação de um pastiche historiográfico, como ressaltou o historiador Maurício Parada. Por outro lado, a inserção do historiador profissional na mídia de massa exige que se encontre um “tom” equilibrado em seus discursos, especialmente nos textos, que devem fugir da aridez das redações acadêmicas, sem entregar-se ao simplismo do texto puramente jornalístico. A necessidade da busca desse difícil equilíbrio foi ressaltada pelo historiador/jornalista Bruno Fiuza, editor da revista História Viva[1].

A história que se faz pública em órgãos de patrimônio foi objeto de discussões instigantes em vários momentos do encontro. Ulpiano Toledo Bezerra de Meneses chamou atenção para a necessidade de se observar e praticar efetivamente as modificações conceituais a respeito do patrimônio histórico presentes na Constituição de 1988, que tirou das mãos do Estado a responsabilidade de decidir o que deve ser elevado à condição de patrimônio, colocando essa tarefa nas mãos dos membros da sociedade. Nesse sentido, sugeriu a prática de uma “história popular”, definindo-a como a eleição de objetos de memória e patrimônio pelos próprios atores sociais envolvidos no contexto histórico em análise, atividade a ser mediada pelo historiador profissional. No mesmo sentido, José Newton Coelho de Meneses, partindo de suas experiências como historiador profissional amparando atividades de órgãos de patrimônio de Minas Gerais, ressaltou as intrincadas relações políticas e as intencionalidades implícitas nas ações de agenciamento de patrimônio. Demonstrou o papel do historiador em detectar e levar à discussão pública essas intencionalidades, e também defendeu a valorização das concepções dos atores sociais não-governamentais nas atividades de gestão de patrimônio, especialmente aqueles envolvidos diretamente com o objeto a ser eleito patrimônio. 
No que se refere à relação entre história e museus as discussões foram igualmente profícuas. Os profissionais de história envolvidos com museus trouxeram à discussão problemas comuns, como a “espetacularização” dos museus, que se voltam excessivamente à função expositiva, buscando a multiplicação do público visitante por meio de eventos sensacionalistas, relegando as atividades técnicas, educativas e, especialmente, de pesquisa e produção de conhecimento, a um preocupante ocaso.  O cuidado com as narrativas dos museus, a análise dos discursos emanados dessas instituições e o diálogo que eles desenvolvem com as comunidades circundantes foram outro foco de discussões.
O Simpósio reuniu historiadores que se encontram em posições profissionais singulares, que adentram espaços novos, desafiados por questões de ordem prática, confrontados por concepções históricas cristalizadas pelo senso comum, por histórias idealizadas ou mitificadas, carregadas de intencionalidades pouco discutidas. Alguns estão posicionados na confluência com os poderes instituídos, responsáveis por direcionar práticas oficiais que se justificam e se amparam em interpretações do passado das sociedades. O Simpósio reuniu e disseminou experiências e reflexões, contribuindo para o desenvolvimento pessoal e profissional dos participantes.


[1] A preocupação com o desenvolvimento de uma linguagem textual mais adequada ao público não-acadêmico por parte dos historiadores envolvidos com história pública configurou-se numa questão recorrente, aparecendo nas falas de diversos palestrantes e convidados ao longo do encontro.