domingo, 20 de fevereiro de 2011

Ruínas da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis

A Ordem dos Franciscanos já estava presente em Alcântara desde o século XVIII, mas até então asilava-se na Igreja de Santa Quitéria, não possuindo templo próprio. Data de 1811 o despacho que concedeu os recursos aos franciscanos para construir o templo. Sobre a construção em si não há certeza de seu término, segundo parte dos historiadores. Erguida em espessas paredes de pedra e cal (aproximadamente 1,30m), a planta baixa da ruína existente apresenta estrutura de fachada ladeada por dois campanários simétricos, arco cruzeiro monumental e capela-mor de igual envergadura, revelando a pretensão de construção de um grande templo. Na fachada principal, sobre o vão de acesso, encontra-se um frontão de cantaria, com as armas da Ordem trabalhadas em relevo, contendo dois braços entrecruzados – um de Cristo, outro de São Francisco – centrados por uma cruz, simbolizando a Irmandade dos Franciscanos.
Esta ruína deixa exposta informações interessantes sobre os métodos construtivos do século XIX, especialmente as diversas técnicas de abertura e suporte de vão através do uso de arcos portantes. Diversos são os tipos encontrados, tais como o arco pleno, no arco cruzeiro, a verga reta simples, usada em nicho lateral na muralha esquerda da nave, e o impressionante arco abatido composto, visto na parte interna da muralha da fachada, sobre a porta principal. Neste último o aparelhamento intertravado dos tijolos cozidos faz com que a estrutura composta por centenas de peças funcione como uma única e espessa viga, suportando a pesada alvenaria que acima se desenvolveria, permitindo a abertura de vão generoso na fachada principal.
Texto de Ivo Matos Barreto Júnior, arquiteto e urbanista.
Fonte do texto: São Luís Ilha do Maranhão e Alcântara: guia de arquitetura e paisagem. Sevilla: Consejería de Obras Públicas y Transportes, Dirección General de Arquitectura y Vivienda, 2008. p. 376.

Foto: Acervo Fotográfico do Museu Casa Histórica de Alcântara
(DRC)

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