domingo, 6 de março de 2011

A frota de Antonino Guimarães

A lancha "Milton Belo", no cais do Jacaré
       Em fevereiro de 1920, Antonino da Silva Guimarães, patriarca da família que ocupava o sobrado onde fica o Museu Casa Histórica de Alcântara, emprestou uma grande soma -12 contos de réis -  ao capitão e carpinteiro Manoel da Vera Cruz  Silva Ribeiro, tomando como garantias:

Uma casa de azulejos pedra e cal na rua de Baixo,  uma salina com depósito no lugar Lagoa, posse de terra Ipixuna, três terrenos na calçada do Jacaré, dois terrenos à rua do Norte, um cutter denominado “Filha do Norte”, com 14m de comprimento, 3,45m de bocca, e 1,30m de Pontal, com 15 toneladas de capacidade, um cutter denominado “Ivone Rosa Providência” com 12,10m de comprimento, 3,50m de bocca e 1,20m de pontal, com 11 toneladas de capacidade,  um cutter denominado “Resedá” com 5,80m de comprimento e 7 toneladas de capacidade, uma Canoa denominada “Lanchão” com 7,92 m e 1,3 tonelada de capacidade, uma canoa denominada “1º de maio” com 6,8m de comprimento e 2 toneladas  de capacidade, um burro de carga de cor castanha e mais 54.283kg de sal em depósito no Bacanga.

A casa e a salina dadas em garantia descritas acima passaram à propriedade de Antonino, o que permite supor que Manoel da Vera Cruz Ribeiro não conseguiu pagar sua dívida e viu a hipoteca ser executada, perdendo os bens dados em garantia, inclusive as embarcações. Dessa forma, Antonino consolidava seus negócios, tornando-se proprietário de uma expressiva frota cuja “estrela” era o cutter “Filha do Norte”. Jazem, na reserva técnica do Museu Casa Histórica de Alcântara, os restos mortais desta nau, reduzida a dois grandes moitões.  
A cidade de Alcântara, ainda hoje, depende muito da navegação para se conectar com a região, especialmente com a capital São Luís, distante cerca 22 km, do outro lado da Baía de São Marcos. Os caminhos terrestres são escassos, e no passado serviam apenas para ligar a zona rural à sede. Dessa maneira, a posse de embarcações era requisito fundamental para a realização de transações comerciais. Os registros reproduzidos acima, encontrados nos livros do Cartório de Alcântara, apontam os investimentos de Antonino na formação de um sistema de transportes que permitisse a circulação de mercadorias de seus comércios e suas fazendas para os portos da região.


(Daniel Rincon Caires)

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